Lockdown

Por: Maria Fernanda Senna

No atual cenário brasileiro, não sabemos mais quem morre com covid e de covid.

As informações fantasiosas e dissimuladas ganharam um palco como nunca antes. A urgência em um lockdown, que já dura quase um ano, além de assustador traz uma série de malefícios.

No evento “Depressão, saúde mental e pandemia”, do Ciclo ILP-Fapesp de Ciência e Inovação, a professora titular de epidemiologia da FCM-Unicamp, Marilisa Barros, concluiu que, 34% dos fumantes aumentaram o número diário de cigarros, e 17,6% o consumo de álcool. As evidencias estão associados ao quadro depressivo. “Das pessoas entrevistadas, 40,4% disseram ter sentimento de tristeza ou depressão, e 52,6% afirmaram experimentar sentimentos de nervosismo ou ansiedade, muitas vezes ou sempre. Esses são apenas alguns efeitos a curto prazo, a longo prazo não sabemos o que um isolamento, muitas vezes, forçado, pode ocasionar.

Uma colossal quantidade de artistas e políticos de alto poder aquisitivo defendem o isolamento. Favorecer a medida com casas grandes e arejadas, geladeira cheia e ifood é, no mínimo, uma insensibilidade e soberba com quem não pode usufruir dos mesmo privilégios. Concluímos, até agora, que dentre os muitos holofotes voltados a questão do lockdown a hipocrisia é, sem dúvida, o fator mais horrendo.

O trancamento da população é uma política pública radical, totalitária e altamente nociva ao princípio básico dos direitos humanos: a liberdade. É um dever desafiar o debate que paira sobre a defesa do isolamento social sem nenhuma comprovação cientifica. Enquanto a viabilidade da medida é fortificada, ficam à deriva a economia, a educação, o lazer e, o principal: as relações humanas.

Dentre as místicas do cenário, fica nítido que uma crise sanitária é o sonho de todo ditador e do molde autoritário de “adestramento” que tentam, a qualquer custo, implantar na sociedade.