Em postagem do dia 29 de março de 2021, veiculada nos meios digitais de Pouso Alegre e região, determinado portal de notícias da região publicou matéria alegando que o tratamento precoce realizado em municípios como São Lourenço e Itajubá não apresentam bons resultados, os quais apresentam índices superiores que os de Pouso Alegre, que não adota o tratamento precoce.
Foi apresentado uma tabela constando dados como os casos confirmados, óbitos e taxa de letalidade dentro do período de 15 a 28 de março em relação aos três municípios citados. Em Itajubá, seriam 988 novos casos confirmados, 76 óbitos e uma taxa de letalidade de 7,60%. Na cidade de São Lourenço, 267 novos casos confirmados, 06 óbitos e uma taxa de letalidade de 2,20%. Por fim, Pouso Alegre, com 2.300 novos casos confirmados, 34 óbitos e uma taxa de letalidade de 1,48%.
Também foi mencionado que São Lourenço utilizaria o tratamento precoce desde fevereiro e considerou que Itajubá começou a oferecer o tratamento a partir do dia 15 de março.
Acerca da alegação sobre a adoção do tratamento precoce, é mentira que São Lourenço o adota desde fevereiro, pois o protocolo existe na cidade e foi adotada no município desde janeiro de 2021, demonstrando os bons resultados ao longo de fevereiro, o que fez a cidade ganhar repercussão nacional como exemplar no combate ao COVID-19 no início desse ano.
Em checagem acerca dos dados levantados, realizada no Painel de Monitoramento dos Casos de COVID-19 da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e nos boletins epidemiológicos divulgados pelas Prefeituras Municipais das cidades analisadas, verificamos que os dados não são realmente como os apresentados na matéria analisada, demonstrando, ao contrário, que o tratamento precoce tem, sim, apontado bons resultados.
Sobre os dados de Pouso Alegre, em análise dos boletins epidemiológicos publicados entre os dias 15 a 28 de março de 2021 pela Prefeitura Municipal, confere-se um total de 2.413 casos confirmados de COVID-19, não de 2.300, conforme trazido na matéria. Acerca dos óbitos, o total no período é de 41 e não de 34. Por fim, a taxa de letalidade seria de 1,70% e não 1,48%.
Por outro lado, conforme os dados da SES-MG, Pouso Alegre teria, dentro do período, um total de 2.473 casos confirmados, 29 óbitos por data de ocorrência e 36 óbitos por data de notificação. Assim, em relação aos óbitos por data de ocorrência dentro do período, a taxa de letalidade seria de 1,10%.
Na cidade de São Lourenço, os casos confirmados durante o período realmente são de 267, todavia, pelo menos 2 dos 6 óbitos computados pelos boletins epidemiológicos da Prefeitura Municipal não são de março, mas de meses anteriores. Assim, o total de óbitos seria de 4 e não 6, o que ocasionaria uma taxa de letalidade de 1,40%. Portanto, em relação aos dados apresentados pelos boletins epidemiológicos municipais, Pouso Alegre tem uma taxa de letalidade pior que a de São Lourenço e não o contrário, conforme alegado na matéria.
Em relação aos dados disponibilizados pela SES-MG, São Lourenço contabiliza 277 casos confirmados dentro do período, assim como 03 óbitos por data de ocorrência e 10 por data de notificação. Conclui-se, assim, que a taxa de letalidade seria de 1,0%, também melhor que a de Pouso Alegre.
Por fim, os números em Itajubá, conforme os boletins epidemiológicos divulgados pela Prefeitura Municipal, são de 1.028 novos casos confirmados dentro do período, não de 988, bem como o número correto de óbitos é o de 77 e não 76, conforme trazido na matéria analisada. Assim, a taxa de letalidade seria de 7,40% e não de 7,60%.
Acerca dos dados trazidos pela SES-MG sobre o combate a COVID-19 em Itajubá, são 978 casos confirmados durante o período e 65 óbitos por data de ocorrência, resultando em uma taxa de letalidade de 6,60%.
Vale mencionar, também, que a Prefeitura Municipal de Itajubá informa em seus boletins epidemiológicos maiores detalhes sobre os óbitos reportados, como a data em que houve o óbito e quando ocorreu sua confirmação para COVID-19.
Em conclusão, os números de São Lourenço demonstram-se positivos acerca dos bons resultados na aplicação do tratamento precoce a partir de uma análise observacional dos dados conforme a apresentada nessa checagem de fatos.
Destaca-se, por fim, que se verifica a dificuldade de se levantar o número de pacientes que fizeram o uso do tratamento precoce e quantos destes tiveram seu quadro agravado e vieram a óbito, tendo em vista a falta de tais informações nos boletins e pela própria SES-MG. A partir disso seria possível maiores conclusões sobre a situação de Itajubá e até mesmo de Pouso Alegre, tendo em vista que a orientação desta é contrária ao tratamento, apesar de existirem pacientes que utilizam o protocolo em questão e se recuperam, dados estes ocultados do debate público sobre a eficácia do protocolo de tratamento inicial.